ESTUDO DA MEDIUNIDADE



“Não pode haver rendimento útil em uma tarefa dedicada ao bem, se não houver caridade e fraternidade. A fraternidade harmoniza, une, congrega os participantes em um poderoso campo-de-força indestrutível aos embates inferiores... A fraternidade não admite críticas contundentes contra todo modo de ser dos companheiros; não aceita antagonismos entre eles, embora venham alicerçados no desejo de corrigir; não permite reparos e admoestações mascarados sob a capa de aconselhamento; não acoberta qualquer forma de divergência que possa ferir, mesmo de leve, qualquer membro da comunidade de servidores do Cristo, congregados para um mesmo fim.”
(AZEVEDO, José Lacerda. Energia e Espírito, 2ª edição – Grafica e Editora Comunicação Imprensa Ltda. Porto Alegre – RS 1995 p. 114)

Ser médium antes de mais nada é um ato de amor, sem amor e caridade não existe no homem a humildade necessária para o desenvolvimento mediúnico. Não há Evolulção.
É preciso que quanto eternos aprendizes, sejamos mais tolerantes uns com os outros, pois assim cultivamos a consciência crítica de nos amarmos e respeitarmos.
Acredito que possa lhe parecer redundante a quantidade de vezes que nos reportamos ao amor, porém este sentimento é a única força que transpõe qualquer barreira ou até mesmo magia.
Dentro da Umbanda se faz uso de alguns ritos iniciáticos, temos diversas práticas para a labutação e o burilamento, cuidados e aperfeiçoamento da mediunidade, porém, todos são superados pelo simples fato do médium amar ao seu guia e a Deus sobre todas as coisas. Lembrando-se também de que amar a Deus significa amar ao teu próximo e a exemplo de Jesus, amar ao teu próximo como a ti mesmo.
Nem todas as mandingas tem a força de uma oração sincera, nem todos os toques chamam o guia com tal intensidade do que o clamor de seu filho, nada lhe liga ao seu Orixá com mais força do que seu sentimento. Isso é bíblico. A língua do amor é universal e não existe preceito que possa superá-la e nem cifra que possa paga-la.

“Como vínculos “mágicos” citamos, por exemplo, as guias, os assentamentos, as “feituras”,.... Mas veja bem que, NADA DISSO TERA EFEITO MAIS PERMANENTE DO QUE OS VÍNCULOS EMOCIONAIS E SENTIMENTAIS.”
(ZEUS, Cláudio. Umbanda sem Medo, produção independente – p. 47)

Esse amor ao que tanto nos reportamos é aquela parte divina que existe em todos nós, o calor da chama divina que aquece nossas almas e nos religa a Deus, bem como nos liga aos nossos Guias, protetores e Orixás.

“Sem fraternidade não há amor, e, não havendo amor, não temos o direito de invocar o Príncipe da Paz. O resultado imediato e positivo da fraternidade é a tolerância, virtude tão pouco cultivada entre os homens, que vivem apontando os defeitos de seus semelhantes, em uma intolerância impiedosa, esquecidos dos ensinamentos do Divino Mestre, que nos mostrou o defeito que temos, de ver o argueiro nos olhos alheios, sem lembrar de primeiro tirar a trave dos próprios olhos.”
(AZEVEDO, José Lacerda. Energia e Espírito, 2ª edição – Grafica e Editora Comunicação Imprensa Ltda. Porto Alegre – RS 1995 p. 114)

Agora que compreendemos o que move a mediunidade, vamos denominar quem são os chamados médiuns.
Classificar um médium como simples receptor e transmissor de mensagens é vago e superficial, além de isentá-lo dos compromissos e responsabilidade que este espírito assume perante seu dom no momento do encarne.
Trabalhar e desenvolver a mediunidade são um das tarefas mais difíceis deixadas por nosso Pai a nós, pois além de ser um estudo sem fim, está a mercê de diversas interpretações.
Para fugir do charlatanismo e fazer o seu trabalho mediúnico de forma consciente, é preciso estudar e praticar muito, porém acima disso manter o foco na caridade e não se deixar levar pelas vaidades humanas e mantendo a certeza de que você é apenas um elo da corrente.

“Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por este fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuem alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são mais ou menos médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em que a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos parentes, de certas intensidade, o que não depende de uma organização mais ou menos sensitiva.”
(SILVA, W. W Da Matta. Mistérios e Práticas da Lei de Umbanda – Edição Virtual. p. 51-52)

Se formos fechar a mediunidade apenas pela incorporação essa afirmação retirada do livro dos Médiuns parece um tanto quanto fantasiosa, afinal não temos por aí pessoas incorporando todos os dias sob qualquer circunstancias. Porém se falarmos em sonhos, pressentimentos, sensações, sexto sentido, visões e até premonições; teremos uma gama bem mais complexa.
Mesmo nos adentrando apenas na Umbanda a mediunidade é um dom sem religião, ela existe indiferente do terreiro, centro ou barracão; e suas raízes se estendem a um conhecimento que não podemos dominar.
Porém, como em sua formação, a Umbanda abraçou de forma universalista diversas religiões já pré-concebidas na crença dos brasileiros, junto a esta fé, vieram os diversos tipos de ritos e de mediunidade e para se cuidar de maneira responsável de cada uma das manifestações deste dom e preciso compreender a grande responsabilidade e s suas diversas manifestações dentro da missão mediúnica.

“Se os destinos humanos fossem inalteráveis e rigidamente determinados, cessaria a utilidade das advertências em que as profecias se constituem. Os Profetas representam o papel do sinalizador que adverte quanto a aproximação de perigo para que, a tempo, esse seja evitado, tendo em vista a capacidade de deliberar os próprios destinos constitui um atributo inalienável do espírito imortal.”
(AZEVEDO, José Lacerda. Energia e Espírito, 2ª edição – Grafica e Editora Comunicação Imprensa Ltda. Porto Alegre – RS 1995 p. 91)

A Umbanda tem dentro de sua natureza a magia, uma magia usada tanto nos cultos africanos, como mesmo nos templos egípcios e sendo baseado nessa afirmação que devemos considerar a “ciência esotérica” em todos os fenômenos dentro de um terreiro e inclusive na mediunidade.
Em outras palavras devemos buscar o conhecimento necessário para compreender melhor nossos rituais e mediunidade, mas se tratando de algo espiritual é preciso compreender até que ponto nosso conhecimento é o suficiente para nos conceder todas as respostas. Um bom exemplo para isso é a mediunidade de profecia, como se pode explicar o conhecimento do futuro?
O estudo dessa ciência esotérica ao contrário do que possa parecer, antes de qualquer coisa, começa dentro de si mesmo, é chamado por muitos de autoconhecimento. Não podemos dizer que tudo dentro de sua mediunidade ou dos ritos da Umbanda provém unicamente de você, mas podemos afirmar que é você quem escolhe cuidar ou não daquilo que lhe é dado por Deus. Quem escolhe religar-se ou não a Deus é você, é você que usa ou não a fé para isso e para conseguir desenvolver aquilo que se tem é preciso ser verdadeiro e a verdade habita no conhecimento e este conhecimento está em você e, portanto é preciso compreender e praticar o autoconhecimento.
“Todo o nosso saber é o resultado das nossas experiências, esta e nas passadas existências. O homem é um condenado ao autoconhecimento. Ele tem de revelar-se a si mesmo... pois a essa condição está ligada toda a possibilidade de ser progresso... na medida em que o homem tome posse de si mesmo, por meio desse auto conhecimento, vai conseguindo um progressivo domínio sobre o Universo, passa a ser um gênio e depois um Deus. Ele foi feito à imagem e semelhança do seu criador...”
(OLIVEIRA, Dr. Baptista de. A Umbanda e Suas Origens, ata de reunião de 22 de outubro de 1941. São Vicente- SP)

A verdadeira missão da Umbanda é o desenvolvimento e autoconhecimento do homem através da fraternidade, buscando as virtudes adormecidas tanto na alma como até mesmo no mental dos homens. O elo maior, que anda nos faz permanecer vivos, o amor é o caminho do autoconhecimento.
Toda mediunidade está em menor ou maior escala entrelaçada ao animismo, ou seja, todo médium utiliza deste artifício durante seu desenvolvimento. Porém reconhecer-se com médium já é o necessário para acentuar os fenômenos mediúnicos, é como se ao se reconhecer portador deste dom o indivíduo abrisse sua mente e seu corpo para que ele ocorra e anunciasse ao astral que ele está apto a trabalhar, a servir. Como se percebesse instantaneamente capaz de executá-lo.
Costumamos definir a mediunidade em desenvolvimento como uma represa. Quando adormecida as águas são calmas e estáveis de forma que chega a se assemelhar a um lago, porém quando há a primeira rachadura na barragem, logo o rio se recorda de seu curso e usa de toda a sua força até ceder por vez a barragem e assim ele pode correr livremente.
A mediunidade usa do mesmo mecanismo é preciso desenvolver e estudá-la, não porque ela não seja completa, mas para que possamos compreende-la e controlá-la.
“Por mais que sejamos preconceituosos com a mediunidade considerando-a produto religioso ou fruto de crendice popular, ela interfere intensamente no psíquico e emocional do ser humano. Não é ela uma faculdade extra-humana num tampouco adquirida exclusivamente no exercício e práticas transcendentes e místicas, pois sua aquisição é fruto do desenvolvimento da consciência nos milênios de evolução da espécie. Ela se estruturou no ser humano a partir de seu contato com a morte como fenômeno não controlável e catalisador de acesso ao inconsciente, tanto para aquele que desencarna como também para os seus que ficam.”
(NOVAES, Ademar. Psicologia e Mediunidade, Edição Virtual. p.14)

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